Evento da ABMS sobre prevenção de encostas tem destaque na mídia
Abms na Mídia
08/09/2011

Barrancos de Angra ainda preocupam
Tatiane Rodrigues Angra dos Reis Com a proximidade das chuvas de verão, os moradores de Angra dos Reis estão preocupados com a demora nas obras de contenção de encostas de diversos morros do município - como nos bairros do Bonfim, Morro da Carioca, Morro do Carmo e Morro da Glória II. A situação está bastante complicada no Morro da Carioca, onde o muro que deveria proteger a comunidade de futuros deslizamentos de terra se arrasta a passos lentos. A obra tinha previsão para ser entregue ainda este mês, mas, devido à falta dos repasses de verba do governo federal, dificilmente deverá ser concluída dentro do prazo. Por causa de detalhes burocráticos, o repasse para o governo estadual para pagamento das empresas responsáveis pelos serviços de contenção da cidade acabaram atrasando em quase seis meses, e as ações que visavam proteger o município das chuvas passaram a ser realizadas em ritmo bastante lento. - A impressão que dá é de que vamos ter mais um verão de riscos, de medo, de pavor, pois nada foi concluído direito, e estamos a ver navios. Será que precisam de mais mortes para concluir o trabalho que já deveriam ter feito há muito tempo? - indagou o morador do Morro da Carioca, Lucas Bastos. A massagista Ana Claúdia de Almeida mora há 24 anos no Morro do Carmo, e afirma nunca ter ficado tão preocupada com possíveis deslizamentos de terra como agora. - Depois da tragédia de 2010 começamos a nos preocupar verdadeiramente com essa questão. O problema é que nas análises feitas de lá para cá nos morros da nossa cidade sabemos que há milhares de pessoas morando em áreas de risco, em locais que estão a ponto de desabar. Agora mais um verão está por vir, e as obras do nosso município não acabaram e ainda há muito que ser feito. Será que a morte de várias pessoas não foi o suficiente para nos preocupar? Angra ainda precisa de ajuda - ressaltou a moradora.30 dias para o repasse
Com o atraso e as perspectivas nada positivas quanto à finalização das obras - as ações deveriam ser concluídas em agosto, mas nem 50% do trabalho foi feito -, restou ao governo municipal tomar as providências necessárias. Há duas semanas, o prefeito de Angra, Tuca Jordão (PMDB), viajou até Brasília para pedir ao ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, uma posição quanto ao repasse dos R$ 30 milhões relativos às obras de contenção da cidade que ainda não foram transferidos ao governo do estado, responsável pelo pagamento das empresas que estão efetuando as obras. Ao conversar diretamente com o ministro sobre o assunto, Tuca Jordão recebeu a garantia de que, se tudo correr bem, a verba será depositada em no máximo 30 dias, possibilitando que a Secretaria de Obras do Estado - contratante das empresas - faça os pagamentos aos responsáveis pelas ações de contenção. Jordão destacou a importância dessa primeira reunião na capital federal. - Minha ida a Brasília foi motivada principalmente por essa questão, pois as empresas estavam quase parando de trabalhar por causa da falta de recursos para dar continuidade às ações - disse o prefeito.Segurança preventiva
No intuito de evitar novas tragédias como a que ocorreu no ano passado, ocasionando a morte de mais de 50 pessoas, foi realizado há dois meses o seminário "Segurança das Encostas de Angra dos Reis". O evento - que aconteceu no Rio de Janeiro - serviu para discutir as ações e tecnologias para estabilização de encostas e prevenção de acidentes em áreas de risco. O encontro foi organizado pela Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica (ABMS-Rio) e pelo Clube de Engenharia, além de ser apoiado pela prefeitura de Angra e outras instituições. - A tragédia machuca muito até hoje, mas avançamos significativamente em um ano e meio de ações. Portanto resolvi, junto com a minha equipe, dar um basta nisso, dizer "chega" para o problema, pois não podemos mais termos moradias instaladas em áreas de risco. Já disse e repito, não queremos chorar mais os nossos mortos - ressaltou o prefeito. No seminário foram discutidos formas de prevenção em casos de deslizamentos de terra, como as que serão instaladas no bairros Sapinhatuba I, II e III. As localidades irão receber um moderno sistema de monitoramento de encostas. O sistema Ibis-M é de procedência italiana e utiliza uma tecnologia avançada, sendo utilizado em vários países europeus e também nos Estados Unidos, Indonésia, China, Austrália e Peru, entre outros. O Ibis-M ainda não foi implantado no Brasil. De acordo com Rico, a primeira experiência será feita em Belo Horizonte, a pedido de uma mineradora, dentro de aproximadamente um mês e meio. Angra deve ser o segundo local a receber o sistema. - Ele mede a movimentação das encostas com bastante precisão e pode registrar movimentos de até 0,1 milímetro. O equipamento é colocado em um local adequado para fazer os registros e então envia os dados a um computador em uma base, que pode ser a Defesa Civil, por exemplo - explicou o engenheiro Javier. Na Sapinhatuba I, por exemplo, foram feitas 116 interdições e 78 demolições em 2010. Já Neste ano, até o momento foram 12 interdições e sete demolições. A previsão é de que mais cerca de 60 casas sejam retiradas. - Estamos estudando os melhores locais para posicionarmos o equipamento. Assim que o projeto ficar pronto, vamos apresentá-lo para os governos federal e estadual, e também para a Eletronuclear em busca da viabilização do projeto - afirmou o secretário de Meio Ambiente, Marco Aurélio Vargas.Temas relacionados: