Rui Mori desenvolveu soluções inovadoras e deixou muitos amigos - ABMS
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Rui Mori desenvolveu soluções inovadoras e deixou muitos amigos

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02/04/2015

ruimoriinternaRui Taiji Mori nasceu em 11 de maio de 1944, na cidade de Guaraçaí, no Estado de São Paulo. Filho de família simples, Rui deixou para trás as raízes e foi em busca de seu sonho na cidade grande. Estudou Engenharia Civil na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, onde se formou em 1968. E especializou-se em Mecânica dos Solos, cursando mestrado no Imperial College of Science and Technology, University of London, na Inglaterra, em agosto de 1975, com a dissertação: Engineering Properties of Compacted Residual Soils from the South Central Region of Brazil. No Brasil, trabalhou em dezenas de projetos, destacando-se as barragens de Sobradinho, Itaparica, Ilha Solteira, Itumbiara, Paraibuna e Paraitinga, Nova Avanhandava e Taquaruçu, Xingó e Itaipu, onde atuou ao lado do Prof. Arthur Casagrande, um dos grandes nomes da geotecnia internacional. Atuou ainda em diversos projetos de barragens na área de mineração para a empresa VALE. Antes de se tornar consultor independente, passou por empresas como o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), Hidroservice Engenharia, Brasconsult e Promon Engenharia. Trabalhou com o Prof. Victor de Mello, ex-presidente da ABMS e da ISSMGE (International Society for Soil Mechanics and Geotechnical Engineering), por breve período. E foi, juntamente com seus sócios, fundador da Bureau de Projetos e Consultoria e posteriormente da RTM Gerenciamento e Consultoria Ltda. Como consultor independente, Rui Mori teve atuação em vários projetos na América Latina e na África. Colegas de classe durante o mestrado no Imperial College, Arsenio Negro, ex-presidente da ABMS e diretor da Bureau de Projetos, lembra que, desde aquela época, Rui já tinha em mente a criação de uma empresa - e tinha, inclusive, o nome. "Foi ele que pensou no nome e queria fundar a empresa logo que voltamos ao Brasil. A Bureau nasceu 11 anos depois, em 1987", conta. "Rui era um eterno otimista e muito arrojado comercialmente. Trabalhar e conviver com ele foi um prazer e um grande aprendizado". No exterior, entre tantas outras obras, Mori atuou no projeto da barragem de Tianshengqiao I, na China, como parte do BCE Group (Brazilian Consulting Engineering Group). Entre 1985 e 1987, viajou ao país por diversas vezes com outros especialistas do Grupo. "A barragem de Tianshengqiao I, era de enrocamento com face de concretoruimori1, de 178 metros de altura, e um desafio tecnológico na época, quando a maior barragem de face de concreto já construída no mundo havia sido a de Foz do Areia, da COPEL, no Paraná, com 160 metros de altura", destaca Manoel Freitas, ex-presidente do Núcleo São Paulo da ABMS, colega de trabalho e amigo pessoal de Rui Mori. Entre 1995 e 2000, atuando pela empresa Mendes Junior Engenharia, trabalhou como consultor na construção da barragem de Tianshengqiao 1. "Ele deu interessantes contribuições na construção da barragem. Como sempre, suas soluções foram de grande valia". Na foto, Rui Mori com colegas chineses durante o 20º Congresso  Internacional de Grandes Barragens - ICOLD, em Pequim, setembro de 2000. Da esquerda para a direita, Rui Mori, Manoel Freitas,  Li (General Manager da obra de Tianshengqiao 1), Wang Shucheng (ex-Ministro de Recursos Hídricos da China  e  atual presidente da CHINCOLD - Comitê Chinês de Grandes Barragens) e Xie Jung.  Uma característica marcante de Mori era a de trazer sempre soluções inovadoras na área de Mecânica dos Solos ruimori3para projetos de barragens e metodologia construtiva. "Ele foi o responsável por encontrar soluções muito utilizadas até hoje, como o "saprolito", principalmente de basalto, como material de construção de barragens. Os estudos desse material foram divulgados por ele por meio de várias publicações de sua autoria e implantado nos projetos que contaram com sua participação", lembra Manoel Freitas. "Rui Mori foi um engenheiro brilhante!". Na foto, Rui inspecionando uma trincheira em uma obra no Sul da Bahia em janeiro de 2008.  Rui Mori teve também atuação expressiva nos estudos de áreas de risco das áreas ocupadas por população de baixa renda na cidade de São Paulo. Em 1989, foi consultor da Prefeitura Municipal de São Paulo para elucidar o escorregamento da Favela Nova República. Nessas atividades, propôs soluções inovadoras para a estabilização de encostas, urbanização das áreas e melhorias da qualidade de vida dessas populações.

A ABMS

Rui Mori foi presidente do Núcleo São Paulo da ABMS de 1982 a 1984. Nesse período, entre outras realizações, coordenou a organização do Simpósio sobre a Geotecnia da Bacia do Alto Paraná, realizado em São Paulo entre 28 a 30 de setembro de 1983. Nesse evento, foi editado o Cadastro Geotécnico das Barragens da Bacia do Alto Paraná. Participou também da organização do Seminário Internacional de Solos Tropicais, Lateríticos e Saprolíticos (TropicaLS 85), realizado em Brasília, e do primeiro Seminário de Engenharia de Fundações Especiais (SEFE), que passou a ser um evento periódico das associações geotécnicas do Brasil. No biênio 1984-1986, presidiu a ABMS Nacional. "Ele foi um dos modernizadores da ABMS", ressalta Arsenio Negro. "Quebrou paradigmas e fez com que a entidade começasse a falar mais para a sociedade e para outras entidades técnicas. Ele expôs e abriu a ABMS para a sociedade civil".

O esportista

Durante muitos anos, o corinthiano Rui Mori foi amante do tênis e tenista amador. "Acompanhava todos os torneios e frequentava um clube do tênis com os amigos", conta Arsenio Negro. "E ele era um bom jogador!". Quando deixou o tênis, logo se encantou pelo golf. "E rapidamente já estava jogando bem e até organizando torneios", detalha Manoel Freitas. "Ele, inclusive, incentivou sua esposa, Rurico, a praticar o esporte e hoje ela é uma das melhores golfistas amadoras do Brasil, vencendo diversos torneios". Rui Taiji Mori, que formava grupos de amigos por onde passava, faleceu na madrugada do dia 24 para 25 de março de 2015, aos 70 anos, durante uma viagem de trabalho à Bolívia.

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