Arsenio Negro: uma trajetória dedicada à geotecnia e à ABMS - ABMS
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Arsenio Negro: uma trajetória dedicada à geotecnia e à ABMS

17/07/2025

Formado em 1972 pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, o engenheiro Arsenio Negro, que presidiu a ABMS entre 2011 e 2012, pertence a uma geração marcada pelo entusiasmo técnico e pelo ambiente de forte crescimentoeconômico que caracterizou o Brasil durante o chamado “milagre econômico”. Estimulados por esse cenário, Arsenio e muitos de seus colegas da Poli foram atraídos pela geotecnia, inspirados pela figura do professor Victor de Mello, ex-presidente da ABMS e da ISSMGE, cuja paixão pela engenharia dos solos influenciou decisivamente o caminho de vários engenheiros civis brasileiros.

Ainda como estudante, Arsenio estagiou no Metrô de São Paulo. Um pouco depois, iniciou sua carreira no CNEC, onde trabalhou com o engenheiro Murillo Ruiz em projetos de usinas hidrelétricas e túneis. Foi onde adquiriu conhecimento prático em geologia aplicada, experiência que se somaria a outras formações ao longo da carreira. Entre 1974 e 1976, fez mestrado no Imperial College de Londres.

De 1976 a 1980, trabalhou na THEMAG Engenharia quando se envolveu com projeto e construção de túneis em solo e cultivou o convívio com seu ex-professor e fundador da empresa, Milton Vargas, primeiro presidente da ABMS.

Desde o início dos anos 1970, envolveu-se ativamente com a ABGE (Associação Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental), participando da organização do primeiro congresso internacional da IAEG realizado no Brasil, em 1974, e contribuindo com a gestão da entidade até o começo dos anos 1980.

Após concluir doutorado na University of Alberta, no Canadá, fundou com colegas geotécnicos, no final dos anos 1980, a Bureau de Projetos e Consultoria, destacada empresa que formou uma geração de profissionais da área. Nesse período, Arsenio foi convidado pelo então presidente da ABMS, Jaime Gusmão, a se engajar na Associação — convite que aceitou com entusiasmo.

Uma de suas primeiras contribuições foi a colaboração na organização do 12º Congresso Internacional da ISSMGE, sediado no Rio de Janeiro em 1989. A seguir, assumiu a liderança do Núcleo Regional de São Paulo (NRSP), promovendo uma verdadeira revitalização das atividades técnicas e institucionais da entidade. Arsenio coordenou encontros mensais regulares, seminários temáticos com autoresconvidados, incentivou a publicação de livros técnicos e contribuiu para o crescimento do número de associados. Ele descreve esse período como uma “época associativa mágica” que sucedeu anos de retração econômica.

SEDE PRÓPRIA – O DESAFIO

A experiência acumulada o levou naturalmente à Presidência da ABMS no biênio 2011–2012, função que descreve como desafiadora e gratificante. À frente da entidade, intensificou o diálogo com o Conselho Diretor — promovendo o maior número de reuniões da história desse órgão até então — e fortaleceu a articulação com os núcleos regionais, ajudando a harmonizar visões técnicas de diferentes partes do país.

Um dos marcos da sua gestão foi a consolidação do projeto da sede própria da ABMS, que, segundo ele, gerou “comprometimento e pertencimento coletivo”,fundamentais para a projeção nacional e internacional da associação.

Arsenio também foi um defensor do fortalecimento dos comitês técnicos nacionais, que considera instrumentos centrais de promoção da especialidade. Destacou o exemplo do Comitê Brasileiro de Túneis, cujo último encontro reuniu mil participantes, como modelo de atuação a ser seguido por outras frentes técnicas. Em sua visão, a ABMS — fundada como uma sociedade de conhecimento — deve manter e ampliar sua interação com a academia, a indústria e as sociedade brasileira e internacional, acompanhando as mudanças tecnológicas e comunicacionais que impactam o setor.

Com um olhar atento ao futuro, Arsenio Negro alerta para os riscos de um isolamento técnico, comum em países continentais como EUA, China e Rússia. Para ele, o crescimento do número de profissionais da área no Brasil não deve resultar em perda de protagonismo internacional.

O protagonismo se exprime pela participação nos comitês técnicos internacionais da ISSMGE, nos quais Arsenio participou ativamente por quase duas décadas. Ele entende ser essencial fortalecer o intercâmbio de ideias com outros países e preservar a abertura que sempre caracterizou a ABMS. “É nosso dever assegurar este papel aos futuros geotécnicos nos próximos 75 anos”, afirma.

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