ABMS 75 anos: Jarbas Milititsky articulou presença nacional da ABMS em meio a grandes desafios geotécnicos - ABMS
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ABMS 75 anos: Jarbas Milititsky articulou presença nacional da ABMS em meio a grandes desafios geotécnicos

18/07/2025

Ao longo de seus 75 anos, a ABMS contou com lideranças que souberam combinar visão técnica, articulação institucional e compromisso com a sociedade. Jarbas Milititsky, presidente entre 2009 e 2010, integra esse grupo de geotécnicos que ajudaram a consolidar o papel da entidade no Brasil e no exterior.

Milititsky iniciou sua trajetória na engenharia civil após um encantamento ainda jovem com as ciências da terra. Durante uma visita escolar a uma mina de carvão, percebeu o fascínio (e também as limitações) do subterrâneo. A paixão pela geotecnia surgiu durante o curso na UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), por meio de um estágio na Fundação de Ciência e Tecnologia – CIENTEC, que no Rio Grande do Sul exerceu papel semelhante ao do IPT em São Paulo, e da monitoria na disciplina de mecânica dos solos. 

Dedicou-se à docência desde a formatura e seguiu para o mestrado na COPPE/UFRJ, orientado por Willy Lacerda, e depois para o doutorado na University of Surrey, Inglaterra. De volta ao Brasil, liderou o desenvolvimento da pós-graduação em engenharia civil na UFRGS, formando um grupo de excelência com doutores formados em instituições renomadas.

Primeiros passos na ABMS

Seu envolvimento com a ABMS começou nos anos 1980, após retornar do doutorado. Mesmo após uma tentativa frustrada de assumir a Presidência do Núcleo Regional Rio Grande do Sul, não desanimou: organizou um evento internacional em Porto Alegre, com apoio de nomes como Victor de Mello, então presidente da ISSMGE, e garantiu a inserção da ABMS na programação. 

A partir daí, participou ativamente dos congressos e eventos, sendo relator técnico e incentivador do crescimento regional da associação. Antes de assumir a presidência, atuou como vice-presidente na gestão de Alberto Sayão (2005–2008), experiência que o preparou para liderar a entidade em um período de grandes desafios.

Uma gestão voltada à valorização dos geotécnicos

Durante sua Presidência, Milititsky estruturou a gestão com base em dez objetivos estratégicos, com foco na difusão do conhecimento, valorização dos profissionais e ampliação da presença da ABMS no Brasil. Um dos primeiros grandes desafios foi a resposta aos deslizamentos ocorridos em Santa Catarina em 2008, cujas consequências ainda marcavam o início de sua gestão. A ABMS organizou um seminário com especialistas, autoridades locais e Defesa Civil, culminando na elaboração da Carta de Joinville, documento técnico que sistematizou as causas dos deslizamentos e propôs medidas preventivas para evitar futuras tragédias. Apresentado em Joinville (SC) por Jarbas Milititsky e outros diretores da ABMS em 2009, o documento foi amplamente divulgado em Santa Catarina, inclusive pelos meios de comunicação de massa, e consolidou a presença da ABMS como referência em momentos de crise.

A gestão de Milititsky promoveu o COBRAMSEG 2010, em Gramado (RS), que contou com número recorde de participantes e a presença de especialistas internacionais e presidentes de associações geotécnicas da América Latina, em um movimento inédito de integração continental. Também incentivou fortemente a regionalização da ABMS, com a criação de novos núcleos e a realização de eventos técnicos focados em jovens profissionais.

Reconhecimento internacional

Após sua presidência, Milititsky foi indicado pela ABMS como vice-presidente da ISSMGE para a América Latina. Nessa posição, estreitou laços com associações vizinhas e percebeu com clareza o destaque da ABMS no cenário internacional. “A ABMS tem um peso muito superior ao das demais associações latino-americanas, tanto em número de associados quanto na excelência técnica”, afirma.

Um legado de dedicação e excelência

Para Milititsky, integrar a galeria de presidentes da ABMS é ingressar no “panteão da excelência da geotecnia brasileira”. Além de sua contribuição acadêmica e institucional, também esteve à frente da FAPERGS e da Federação Israelita do Rio Grande do Sul, sempre com foco na gestão comprometida e no incentivo à formação científica.

Ao refletir sobre os 75 anos da entidade, Jarbas destaca o papel da ABMS na formação técnica, na articulação entre universidade e empresa e na criação de redes de conhecimento. “O sucesso da ABMS é resultado do trabalho coletivo, dos pioneiros aos que hoje mantêm a chama acesa com brilhantismo”.

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